A última década foi marcada pelo avanço do calvinismo no Brasil. Tal fato se deu, principalmente, pelos blogs e editoras temáticas. O pioneiro blog O Temporas O Mores, por exemplo, ajudou a popularizar a cosmovisão calvinista. De tão popular, os posts foram publicados duas vezes em formato de livro pela editora Mundo Cristão. Editoras como Cultura Cristã e Fiel cresceram em influência e a própria CPAD, órgão confessional das Assembleias de Deus, passou a publicar nomes como Piper, Carson, MacArthur, Driscoll, Keller, Packer, Pearcey etc.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, ganhava força o chamado neocalvinismo. Era o velho calvinismo com linguagem acessível, sem cessacionismo, sem fundamentalismo, envolvido criticamente na cultura pós-moderna e sempre atento às plataformas tecnológicas. O neocalvinismo vem sendo uma rica experiência entre a rígida tradição e a flexível linguagem pós-moderna. Apesar da popularidade dos autores neocalvinistas no Brasil, ainda é raro achar uma congregação nesses moldes por aqui. Neste país ainda impera o velho calvinismo.
E os arminianos? Ora, arminianos dificilmente são militantes. Isso é um ponto positivo, pois raramente você achará um arminiano que resuma a sua vida por essa corrente doutrinária. Em compensação haverá uma maior ignorância sobre essa mesma doutrina. Enquanto um teólogo calvinista fala da Soberania de Deus a cada cinco minutos, os seguidores de Armínio ficam quietos e crescem na inércia de uma doutrina mais fácil de ser compreendida. Mas o cenário parece ensaiar uma pequena mudança.
Há alguns anos o site Arminianismo.com vem empenhado em trazer mais conhecimento sobre essa corrente doutrinária. É visível nas redes sociais o crescimento de pentecostais, metodistas e até alguns batistas pelo aprofundamento nessa matéria. Recentemente a Editora Reflexão publicou o livro Teologia Arminiana: Mitos e Realidades do teólogo norte-americano Roger E. Olson. Parece que os arminianos começaram a reagir sobre o avanço calvinista.
Tudo isso é muito bom. A tensão entre calvinismo e arminianismo tende a trazer uma teologia mais equilibrada em nossa terra. Sem o determinismo arrogante e fatalista do hipercalvinismo e nem o deus sem divindade do hiperarminianismo. Se você acha estranho ouvir que Deus não conhece o futuro na boca de um teísta aberto (eu também fico espantado), igualmente repulsivo é ouvir a blasfema ideia que Deus seja o autor do pecado. Portanto, vamos deixar os extremos para os fanáticos militantes. Certamente que o caminho mais saudável passa pelo equilíbrio, pois Deus não é nem limitado e nem um déspota fatalista.
Eu saúdo a reação arminiana assim como o avanço do neocalvinismo.
Que Deus seja louvado.
Gutierres Fernandes Siqueira
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