“Com muitas outras palavras de seu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. 41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. 42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, á medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração. 47 Louvando a Deus e contando com simpatia de todo o povo. Enquanto isso acrescentavam-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.40-47).
Os apóstolos já haviam passado pela escola do Mestre Jesus, porém lhes faltavam à presença do Espírito Santo. Mas, após dia o pentecoste a Igreja estava revestida de autoridade e capacitada para evangelizar o mundo. Na primeira pregação do apóstolo Pedro quase três mil almas se renderam a Cristo, pois o Espírito Santo atuava de modo pleno na Igreja. No contexto acima encontramos alguns quesito deixado pela Igreja Primitiva para ser seguido
A Igreja primitiva estava firmada na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão, nas orações, em cada crente havia temor, praticavam a obra social, perseveravam unidos e no templo louvavam ao Senhor.
I. FIRMEZA NA DOUTRINA
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos...”. Doutrina no grego didaxh didache que significa: ensino, aquilo que é ensinado, ensino a respeito de algo, o ato de ensinar, instrução, fazer uso do discurso como meio de ensinar. O ensino é uma doutrina.
A Bíblia fala sobre três tipos de doutrina.
1. Doutrina de Deus. São ensinamentos de Deus. Elas são imutáveis.
As doutrinas de Deus possuem 3 divisões que são:
A. Doutrina da Salvação: Arrependimento, conversão, novo nascimento, santificação, etc.
B. Doutrina da fé. Teontologia, Trindade, Espírito Santo, Cristo, vida após a morte, etc.
C. Doutrina das últimas coisas. Arrebatamento, ressurreição, tribunal de Cristo, etc.
2. Doutrina dos homens.
São ensinamentos e tradições de homens.
• São ensinos de homem e não de Deus. E as tradições mudam de tempo em tempo (Mt 15.1-9).
• Muitos fundamentam suas doutrinas no legalismo; em leis do Velho Testamento. Por exemplo, guardar o sábado para se salvar, outros em dogmas e tradições; (doutrina criada pelos homens). Os tais pensam em estar agradando a Deus, mas não. Em Mt 15.1-3 Jesus diz que eles invalidavam os mandamento de Deus pelas suas tradições.
3. Doutrina de demônios.
São ensinos inspirados por demônios, e contrariam a Palavra de Deus. Ex: Negam a inspiração divina sobre os autores da Bíblia; negam a divindade de Jesus; negam a vida eterna. Etc.
“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios” (1ª Tm 4.1).
OBS. Sem Palavra (ensino), o crente é imaturo e muitas vezes se torna herético (falso).
II. TINHAM COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS v. 42 “... e na comunhão...”.
1. Comunhão. [do grego koinwnia – koinonia; do latim comunicare, comunicar].
É um intimo relacionamento entre duas pessoas.
2. Comunhão com Deus.
Relacionamento que o crente passa a manter com Deus mediante o sacrifício de Jesus Cristo no Calvário.
3. Comunhão entre os santos. [do latim comunio sanctorum]. É o vínculo espiritual e social estabelecido pelo Espírito Santo entre os que recebem a Cristo como seu Único e Suficiente Salvador. Tendo como base o amor, esse vínculo faz com que os crentes sintam-se ligados num só corpo, do qual Cristo é a cabeça (Ef 4.1-16).
Segundo o dicionário estrongs comunhão é: fraternidade, associação, comunidade, comunhão, participação conjunta, relação, intimidade; oferta dada por todos, coleta, contribuição, que demonstra compromisso e prova de comunhão.
Comunhão é: 1. Uma só alma. 2. um só amor. 3. As magoas são perdoadas. 4. Os muros de separação são derrubados.
Não haverá comunhão se não tivermos prazer pelas verdades da Palavra de Deus.
III. UNIDADE NO CORPO “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (v. 44).
Não existe unidade sem comunhão ou vice versa.
Unidade [do gr. enothz henotes] - unanimidade, consentimento mutuo.
Um só corpo (a Igreja); Uma só cabeça (Cristo).
Apesar de a igreja primitiva ser formada de judeus, gregos e bárbaros e de suas diferença culturais e étnicas tinham unidade.
Cada membro, neste corpo, tem uma função específica, (Ef 4.11), mas trabalham pelo bem comum.
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas (propósito) ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, 14 para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.11-16).
“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (Sl 133.1).
IV. PRATICAVAM O PERDÃO
Sem perdão não pode existir unidade e comunhão, por esta razão, aqui eu acrescento a doutrina do perdão.
Perdão no Hebraico tem três significados:
Cafer - Quer dizer cobrir, isto é, não vejo mais.
Salak - Tirei daquele lugar para bem longe.
Nasa - Lançar longe, não vejo mais, lancei no mar de esquecimento.
Perdão [do latim] quer dizer remissão de pena é o mesmo que pedir desculpa.
Perdoar: Conceder perdão, absolver de culpa ou dívida, desculpar.
Perdão é o resultado do amor de Deus derramados em nossas vidas.
1. A origem do perdão. “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam” (Sl 130.4).
a. É divina. Deus tem o perdão.
b. Fomos perdoados por Deus em Cristo.
c. Se confessamos arrependidos, Deus nos perdoa. Mediante a justiça divina ninguém seria impune, todos estaríamos condenados, mas mediante a confissão e arrependimento somos perdoados.
No livro do profeta Isaías 1.18, está escrito: “... ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão brancos como a lã”.
A escarlata e o vermelho representam a nossa vida de pecado, mas o próprio Deus se oferece a nós revestir da brancura da santidade, através do Seu perdão.
2. Cristo nos perdoou. “Contudo, Jesus dizia: Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).
a. Não considerou o nosso pecado.
b. Ele perdoou a todos sem olhar a quem. Certa vez os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher apanhada em adultério e disseram para Ele que a mulher que fosse apanhada em adultério seria apedrejada e tu mestre o que dizes? Ele porém respondeu: atire a primeira pedra àquele que nunca pecou.
c. Ele ainda é o mesmo para perdoar.
3. Devemos perdoar.
Efésio 4.32 Paulo escreve dizendo: “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.
a) È parte da oração do Pai nosso.
b) Fomos perdoados, devemos perdoar.
c) Se perdoamos, salvamos, a nós mesmos.
4. Quem não perdoa não pode ser perdoado.
Na oração modelo do Pai nosso Jesus diz: Porque, se perdoardes aos homens as sua ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; Se, porém não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará ás vossas ofensas.
A salvação e as bênçãos de Deus para nossa vida, depende do nosso perdão aos nossos irmãos. Sem o genuíno perdão, não podemos ter intimidade com Deus e nem ver sua face.
V. PERSEVERAVAM NA ORAÇÃO v. 42 “... e nas orações...”.
A oração é um dialogo (do gr. di-logo), conversa entre duas pessoas.
A oração traz intimidade com Deus.
A Igreja primitiva deixou-nos o exemplo da oração.
A oração é o incenso que oferecemos ao Senhor (Lc 1.9; Ap 5.8).
Muitos hoje estão vivendo uma vida de sequidão porque não oram mais. Não há milagres, mudanças, porque há falta de oração. (2ª Cr 7.14).
A oração traz:
1. Cura: Tiago 5.14-15 “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
2. Santificação: 1 Timóteo 4.5 “Porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado”.
3. É uma ordenança: Colossenses 4.2 “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças”.
4. devemos orar sem cessar: Efésios 6.18 “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
Ef 6.18 “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
VI. TEMOR – v. 43 “Em cada alma havia temor...”.
Temor é o princípio da sabedoria.
1. Respeito, por Deus e pelos outros. É honrar a Deus como criador.
2. É responsabilidade com a obra de Deus.
3. Temor é sentir nojo pelo pecado.
4. Há exemplos de pessoas que perderam o temor e brincaram com Deus.
a. Sansão brincou com Deus e perdeu a plenitude do Espírito.
b. Saul desobedeceu a Deus o Espírito se retirou dele.
5. E ainda hoje há muitos que estão brincado com Deus. Tomando a ceia em pecado.
Sl 128.1: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos!”
VII. A IGREJA PRIMITIVA PRATICAVA A OBRA SOCIAL “Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, á medida que alguém tinha necessidade” (v. 45).
No N.T. a Bíblia não manda Jejuar, mas a prática da assistência social é uma teologia do Velho e do Novo Testamente. Muitos crentes jejuam para receberem benção, mas quando alcançam esquecem dos necessitados.
A obra social é maior que o jejum.
O profeta Isaías escreve sobre o verdadeiro jejum bíblico (Is 58.1-10).
Tiago 1.27 “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”.
Visitar no grego episkeptomai – significa: 1. cuidar ou preocupar-se, inspecionar, examinar com os olhos a fim de ver como ele está; visitar; ir ver alguém; o pobre e aflito; o doente; tomar em consideração a fim de ajudar ou beneficiar; ser responsável por, ter cuidado de, prover para: de Deus; procurar por (olhar em torno), selecionar (alguém para escolher, empregar, etc.)
VII. AMOR A CASA DE DEUS (v. 46). “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa....”.
Unânimes: [do grego omoyumadon homothumadon] que significa: com uma mente, de comum acordo, com uma paixão.
Singular palavra grega. Usada 10 de suas 12 ocorrências no livro de Atos. Ajuda-nos a entender a singularidade da comunidade cristã. Homothumadon é um composto de duas palavras que significam “impedir” e “em uníssono”. A imagem é quase musical; um conjunto de notas é tocado e, mesmo que diferentes, as notas harmonizam em grau e tom. Como os instrumentos de uma grande orquestra sob a direção de um maestro, assim o Santo Espírito harmoniza as vidas dos membros da igreja de Cristo.
• Davi diz no seu Salmo: “Me alegrei quando me disseram vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1).
• Davi tinha prazer, a igreja primitiva tinha prazer e sabiam que na casa do Senhor eram abençoados e Deus lhes respondia.
• Quando o crente perde o prazer de vir à casa de Deus tem algo errado.
• Na casa de Deus Ana orou e Deus lhe abençoou.
• Josafá buscou socorro e Deus lhe socorreu.
• Tem compromisso com Deus e Sua obra.
• Não existe comunhão se deixarmos a casa do Senhor por qualquer coisa.
VIII. ADORAÇÃO - TINHAM O VERDADEIRO LOUVOR – v. 47 Louvando a Deus e contando com simpatia de todo o povo...
Louvor [do grego aineo], significa: elogiar, honrar, engrandecer.
Louvar é expressar o amor de Deus em nossas vidas. É agradecer e engrandecer aquele que merece toda honra e louvor. Não estamos aqui para agradar uns aos outros, mas para adorar ao Senhor Criador do universo na beleza da Sua santidade.
O louvor nos aproxima de Deus, nos enche da plenitude do Espírito e um crente cheio da plenitude os demônios se sujeitam.
Louvar com instrumentos, com cânticos, com salmos, com palmas com coreografia etc.
Quando Saul se encontrava perturbado pediu a seus servos que trouxessem alguém para tocar um instrumento:
“Disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que saiba tocar bem e trazei-mo” (Sm 16.17).
IX. UMA IGREJA SIMPLES “...e contando com simpatia de todo o povo...” [Simpatia no grego aphelotes] significa simplicidade, singeleza.
Simples como uma pomba.
Sua igreja cultiva a verdadeira comunhão? Pratica o perdão? Persevera no ensino? Na oração? Na assistência social? Amamos a casa de Deus? Louvamos a Deus de coração?
É hora de voltarmos ao cenáculo e reviver os tempos de refrigério e avivamento. Nestes últimos tempos podemos considerar uma igreja verdadeira se possuirmos esses quesitos.
Não existe comunhão se não perseverarmos na doutrina que Jesus e Seus discípulos ensinaram. Não existe comunhão sem perdão, sem amor, sem oração, sem temor e sem louvor. Não existe comunhão se não tivermos freqüentando assiduamente os cultos de oração e ensinos da Palavra de Deus. Não existe comunhão se não tivermos uma verdadeira adoração. Adoração de lábios não movemos o coração de Deus (Mt 15.8).
Pr Elias Ribas
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Blumenau - SC
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