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Compromisso com o Contentamento - (Filipenses 4.10-13)


Paulo começa expressando sua alegria pela renovada preocupação dos filipenses para com ele. O acontecimento particular que causou esta explosão de alegria foi a vinda de Epafrodito com a oferta da igreja. A alegre reação de Paulo (apropriadamente traduzida como “regozijo”; Fee, 428) comunica sua gratidão. A magnitude de sua gratidão é salientada pela palavra “muito” (colocada como ênfase na frase). Paulo se regozijava “no Senhor”, uma expressão ligada à alegria expressa ao longo da carta (3.1; 4.4).

A frase “reviver a vossa lembrança de mim” tem várias implicações. A palavra “renovar” ou “reviver” ilustra o rejuvenescimento de uma árvore ou planta na primavera, após uma estação dormente. Paulo não está expressando algum lapso na preocupação dos filipenses para com ele, por esquecimento. Está sugerindo que embora sempre tenham cuidado dele, seus cuidados finalmente produziram frutos, uma obra tangível refletida pelas ofertas que lhe foram enviadas. A “lembrança” ou “preocupação” é a tradução de uma palavra comum na carta (phroneo; 1.7; 2.2,5). As palavras escolhidos por Paulo não falam somente sobre estar ciente das necessidades de alguém, mas também implicam uma aplicação prática deste pensamento. Por meio de suas ofertas, estavam de fato agindo para com ele conforme aquilo que lhes havia ensinado em relação ao tratamento mútuo entre os membros da comunidade de Filipos. Isto foi reforçado na parte final do verso 10, onde Paulo reconhece que os filipenses estavam realmente preocupados com ele, porém, faltava-lhes a oportunidade para expressá-lo.

Esta nota de consideração não surge do sentimento de alívio. O apóstolo não está dizendo: “Afinal, vocês me ajudaram; eu estava ficando desesperado!” Nos versos 11-14, Paulo ressalta ser livre da opressão da necessidade. Sua alegria não se deve a ter suas necessidades satisfeitas, mas ao fato de que a preocupação dos filipenses está fundamentada no Senhor. O relacionamento de Paulo com Deus tem-no conduzido a um senso de contentamento que transcende sua circunstância imediata. Os filósofos estóicos usaram a palavra “contentamento” (autarkes) para denotar o caráter desejável de uma pessoa que aprendeu a viver de maneira auto-suficiente. Este indivíduo seria capaz de viver uma vida livre da influência das circunstâncias e pressões externas. Para Paulo, este contentamento não consistia em auto-suficiência, mas, antes, na dependência de Deus. Foi o poder de Deus em sua vida que o capacitou a viver acima de suas circunstâncias presentes. Este contentamento foi “aprendido”, não de modo teórico, mas nas experiências através das quais Deus conduziu Paulo até este ponto em sua vida.

Paulo desenvolve este contentamento no verso 12. Experimentou tanto a necessidade quanto a abundância. (A palavra usada para “necessidade” aqui, é a mesma para humilhação de Cristo no capítulo 2.8; mas, devido a este contexto, provavelmente se refere à privação econômica). Ele então emprega dois conjuntos de verbos contrastantes para mostrar os extremos através dos quais experimentou este contentamento: quando estava bem alimentado, quando teve fome, quando viveu períodos de abundância e quando viveu e quando padeceu necessidades. Através de todas estas situações, descobriu o segredo do contentamento.

Em uma conclusão final, o verso 13 revela a principal fonte do contentamento de Paulo: “posso todas as coisas, naquele que me fortalece”. Este contexto do verso tem sido frequentemente transgredido, e esta verdade tem sido colocada a serviço de extravagâncias caprichosas. O apóstolo está claramente se referindo à grande variedade de suas experiências (v. 12). A importância do verso 13 é encontrada no fato dessa capacidade de Paulo lutar com as adversidades da vida não ter sido alcançada por meio da auto-suficiência (como os estóicos ensinavam), mas através da suficiência em Cristo. Este fortalecimento foi parte da experiência cristã contínua de Paulo e estava fundamentado em sua união com Cristo.

David Demchuk
Texto extraído do Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, editado pela CPAD

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