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O grande eu sou e os pequenos eus



O grande pecado do homem é seu desejo de ser igual a Deus: ter nas mãos a prerrogativa de impor sua vontade sobre todas as outras vontades; fazer de si mesmo “a medida de todas as coisas”; ocupar o centro do universo de modo que tudo concorra para seu prazer, conforto e comodidade; afirmar o seu pequeno eu contra todos os outros eus, inclusive o grande Eu Sou.

O fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal era bonito de se ver, agradável ao paladar e suficiente para dar entendimento. Mas a razão porque Adão e Eva comeram o fruto proibido foi outra: a convicção de aquele fruto faria com que se tornassem iguais a Deus, conhecedores do bem e do mal, e, portanto, capazes de tomar nas mãos a responsabilidade de dizer o que é certo e o que é errado, o que é bem e o que é mal. Em outras palavras, vislumbraram a possibilidade de não depender de Deus para definirem seu jeito de ser e viver. Julgaram que seriam capazes de conduzir o universo à luz de seus próprios critérios. Acreditaram que conseguiriam fazer leis mais justas e adequadas do que as leis de Deus. Imaginaram que poderiam mudar os padrões da criação, fazendo com que todas as realidades se curvassem aos seus interesses e conveniências. Sonharam com o império do pequeno eu. E então morreram.

Morreram porque foram expulsos do paraíso, isto é, seu relacionamento com Deus, a fonte da vida, foi rompido. Morreram quando saíram de Deus. E Deus não poderia ter evitado, não poderia manter em si mesmo incontáveis pequenos eus egocêntricos. Deus não poderia permitir um universo funcionando para satisfazer os caprichos de incontáveis pequenos eus. Um universo assim seria o caos, exatamente o que vivemos hoje. Por esta razão entregou o homem às conseqüências de sua prepotência, na esperança de que sua saudade do paraíso fosse suficiente para que compreendesse a necessidade da morte de seu pequeno eu, de modo que entregasse a vida novamente aos cuidados do grande Eu Sou.

E assim chegou Jesus, ensinando os homens a orar “venha o teu reino”, ou “traz o paraíso de volta”, pois acolhemos “tua vontade na terra como no céu”. Eis a síntese da oração: render a vontade do pequeno eu à vontade do grande Eu Sou.

Fonte: Ibab

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