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A condenação das filhas altivas de Sião - Is 3:16-26

Se analisarmos textos de Colossenses 2.16-23, veremos que a liberdade cristã não leva ao pecado. De posse destas informações, estaremos estudando a partir deste tópico, alguns ensinamentos que fogem da Palavra de Deus, tratando-se de meros preceitos e costumes humanos, que, entretanto, levam o status de doutrina bíblica em algumas igrejas. Estes ensinos tornam a vida cristã para muitos um fardo pesado condenado por Jesus em Mateus 23.1-5.

Não existe na Bíblia texto algum que sirva de base para que as mulheres cristãs não usem jóias, enfeites e cosméticos em nossa época. No texto do profeta Isaías está escrito: “Diz ainda mais o SENHOR: Visto que são altivas as filhas de Sião e andam de pescoço emproado, de olhares impudentes, andam a passos curtos, fazendo tinir os ornamentos de seus pés, 17 o Senhor fará tinhosa a cabeça das filhas de Sião, o SENHOR porá a descoberto as suas vergonhas. 18 Naquele dia, tirará o Senhor o enfeite dos anéis dos tornozelos, e as toucas, e os ornamentos em forma de meia-lua; 19 os pendentes, e os braceletes, e os véus esvoaçantes; 20 os turbantes, as cadeiazinhas para os passos, as cintas, as caixinhas de perfumes e os amuletos; 21 os sinetes e as jóias pendentes do nariz; 22 os vestidos de festa, os mantos, os xales e as bolsas; 23 os espelhos, as camisas finíssimas, os atavios de cabeça e os véus grandes” (Is 3.16-23).

O texto de Isaías 3.16-26 pode, numa leitura muito superficial, também aparentar que Deus está condenando o uso de adornos e enfeites nas mulheres de Sião.

Não eram as jóias em si que eram malignas, muito menos era pecado usá-las, mas o pecado aqui tratado não era o uso de jóias; enfeites ou cosméticos, mas ao olharmos todo o contexto, descobrimos que Israel havia abandonado a Deus e a maldade e a injustiça se espalhava; entretanto o povo andava orgulhoso como se nada de mal fosse acontecer; suas mulheres andavam soberbas como se Deus não fosse fazer justiça. O pecado era a apostasia e o orgulho da nação!


Os profetas bíblicos condenaram enfaticamente os pecados que aceleravam a deteriorização espiritual do povo: a sensualidade e o luxo (Isaías 3.16-23; Amós 4.1); a embriaguez (Isaías 5.11 e 22); a infidelidade (Oséias 2.5,7ss.); a hipocrisia (Amós 5.21-24).

Olhares imprudentes (v.16). Ao leitor desarmado de preconceito, entretanto, fica claro que a retidão desses enfeites veio como castigo de Deus por um outro pecado: Andar de pescoço emproado, com altivez de coração. O pecado aqui não é o ornamento, e sim, a prepotência o orgulho ostentado.

Devido ao pecado da nação, a alegria cessaria. Veja esta realidade na tristeza que a nação viveu quando foi levada em cativeiro no Salmo 137.1-5.

Contudo pode-se argumentar que foi o uso de jóias e de adornos que tornou essas mulheres arrogantes e altivas. Sim, é verdade que uma pessoa altamente preocupada com jóia, moda e adornos, podem tornar-se ainda mais arrogante. Mas a preocupação obsessiva com outros valores também pode gerar soberba. Paulo advertiu a Timóteo que o amor ao dinheiro pode levar a um fracasso espiritual (1ª Tm 6.6-10). A ganância pelo poder pode levar uma pessoa ao orgulho. Salomão ensina-nos que a comida, o sono (Pv 20.13) e o sexo (Pv 5.18-20), desde que mal usados por nós, também podem ser danosos.

[....] Devemos entender que o problema não está no dinheiro, na comida, nos adornos e jóias, mas sim, na atitude do coração daqueles que deixam o orgulho entrar. Quantos ministros hoje têm caído por causa do poder ou pelo dinheiro e até por mulher. O pecado não está nos usos e costumes, mas na lei moral que rege o ser humano. Uma mulher usar um brinco dentro da igreja está em pecado, mas desviar o dinheiro ou aplicar mal, ou adulterar, parece não ser mais problema?” [Godim. P. 85].

Quem se utiliza destes textos para proibir o uso de jóias, também não deveria usar toucas (v. 18), perfumes, nem cintos (v. 20), espelhos, as camisas finíssimas, os atavios de cabeça e os véus grandes (v. 23), vestido de festa, os mantos, os xales e as bolsas (v. 21). Este texto definitivamente não serve para formular doutrinas, visto que o Senhor está tirando tudo de que as jovens se agradam, e que são coisas boas, por causa do seu pecado. Até mesmo Paulo, se entendesse desta forma este texto, jamais teria recomendado o uso do véu às irmãs de Corinto (1ª Co 11.5-6), pois no texto referido o véu também é “tirado” por Deus.

As passagens acima demonstram que se Deus tivesse aversão ao adorno externo feminino, Ele teria usado essas ocasiões, que seriam óbvias, para avisar ao seu povo que Ele não queria o uso desses enfeites. De fato, personagens bíblicas deram, usaram e receberam jóias, enfeites e roupas bonitas sem recriminação da sua parte. Ele embelezou o seu tabernáculo e os sacerdotes com jóias e adornos. O maior exemplo do significado das sublimes bênçãos divinas, que Ele mesmo mencionou, é o do homem que procura satisfazer à sua amada, cobrindo-a de adornos por inteiro. Ele conclui a sua revelação aos seus filhos descrevendo a beleza da sua igreja e da futura Jerusalém, usando a noiva enfeitada como a ilustração mais adequada.

Pr. Elias Ribas 
Colunista do Blog Emunah

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