Misticismo religioso

"Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal, e não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento concedido por Deus." (Cl 2.18-19).

Conforme relata o apostolo Paulo, os cristãos de Colossos alegavam que, aqueles que não tinham as mesmas experiências e visões angelicais que eles tinham ou que não abraçassem as mesmas supostas doutrinas que eles, não estavam aptos para merecer o galardão da verdadeira espiritualidade que eles supostamente receberiam.

Esse tipo de misticismo religioso, ou seja, essa busca do contato com o sagrado através da experiência pessoal e subjetiva, tem se tornado uma das praticas mais utilizadas no meio evangélico. Da mesma forma que os crentes em colossos tal erro era uma pratica inclusive dos judeus nos tempos do ministério de Cristo.

O Tanque de Betesda que havia em Jerusalém ao norte do Templo, próximo ao mercado das ovelhas era uma área geral com cerca de quinhentos metros quadrados e tinha em uma de suas paredes a pintura de um anjo no ato de movimentar as águas. Símbolo do formalismo e do misticismo religioso, o Tanque de Betesda era muito conhecido, pois, conforme a imagem citada que possuía, seus freqüentadores criam que de tempos em tempos um anjo descia para se banhar nas águas provocando um movimento que permitia, ao primeiro
enfermo que ao tanque descesse fosse curado de sua enfermidade. (Jo 5.12).

Os mais ricos e abastados para se verem livres de seus familiares doentes, os abandonavam nos alpendres do tanque chegando a ponto de, muitas das vezes, alugar as bordas mais próximas das águas para possibilitar melhor acesso a seus parentes.

Centenas de pessoas aguardavam que um dia acontecesse alguma coisa que os tirasse daquela situação. Criam cegamente que a cura de seus males estava nas águas do tanque. Estavam presas a esperança de que um anjo descesse ao tanque para possibilitar que um dia fossem curados.

Jesus foi ao tanque, caminhou entre aquelas pessoas e sem dúvida desejava curar a todos, sarar todas as feridas, mas ele não era o alvo, o objetivo daquelas pessoas. Presos ao ritualismo e misticismo eles buscavam por algo, mas não por Jesus.

O mesmo que ocorria no Tanque de Betesda e em Colossos tem ocorrido nos dias atuais nas igrejas evangélicas. Basta olharmos para o movimento neopentecostal com suas sessões de descarrego, fogueira santa, e outras possíveis cerimônias ritualísticas para vermos o quanto cristãos atuais estão mergulhados no misticismo.

Cristãos guiados por experiências místicas aguardam ansiosos por solução de seus problemas sem, no mínimo, confrontar tais experiências com as Sagradas Escrituras para verificar sua autenticidade. São guiadas por sonhos, visões e profecias e nem sequer procuram buscar a Deus para conhecer Sua Vontade.

Pessoas frustradas, em ignorância presas a Betesda espiritual, tristes, amarguradas, privadas da graça de Deus. (Hb 12.15). Alvos fáceis de satanás que em sua astúcia “brama como leão ao derredor buscando a quem possa tragar” (I Pe 5.8). Paralíticos espirituais atingidos pelos “dardos inflamados do maligno” e enfraquecidos na fé (Ef 6.16). Desprovidos das “armas de nossa milicias”, sem a minima condição de demolir as “fortalezas e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus”. (II Co 10.4-5)

Buscam por uma benção, mas não ao dono da benção. Esquecem que Deus não pode ser encontrado por meio da subjetividade sem a mediação da revelação bíblica em Cristo Jesus. Por esses o apostolo Paulo nos deixa um conselho:

Ef 6.18 - ...com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos...

Pr. Waldex Silva
Fonte: Blog Pr. Waldex