Esta declaração é um alerta para os perigos das desHUMANIZAÇÃO dos servos de Deus e a nossa tendência para nos gloriarmos em homens (1Co 3:21).
Se por um lado é importante e desejável ter no pastor um modelo humano do esforço de exercer o cristianismo de forma integral, por outro, é de uma covardia absurda exigir destes servos algo que a natureza comum e pecadora de todos nós homens nos nega por definição.

Contudo, agimos assim.
De uma forma ou de outra é minha responsabilidade, ainda que não intencional, se me permito seguir buscando modelos mais palatáveis de SER SANTO, diante da minha enorme culpa por não conseguir seguir o exemplo da Cruz, por mais que meu coração deseje, minha alma clame e o meu viver se volte para tal.
Caio e caio todos os dias de minha vida, me levanto na certeza do viver sob a Graça, mas em algum lugar o tentador me faz sentir indigno da Cruz.
Não me glorio na minha eleição. Percebo esta astúcia maligna sobre a vida de todos nós e não me deixo abater por isto, mas não nego a reincidência do erro. E pior: Estou certo de que uma das razões para a manutenção deste meu convívio sofrido com a culpa deriva do fato de, em muitas ocasiões, esta mesma culpa ser benção na minha vida, pois me faz olhar para a Cruz, quando eu insistia em olhar para mim.
Miserável eu sou com a minha culpa. Tanto mais tamanho pecador. Contudo, é justo da minha parte buscar alivio para esta culpa jogando este meu fardo nas costas de meu pastor? Ou não deveria eu jogar aos pés de QUEM realmente pode suportá-lo? (Mt 11:28-30)
Todos os dias somos surpreendidos por escândalos e mais escândalos envolvendo lideres. Crimes financeiros, falsas doutrinas, corrupção e estelionato religioso. Isto sem falar dos “crimes” comportamentais que parecem causar ainda mais embaraço entre a membresia.
Nestes momentos, somos levados a extrema decepção e alguns se desviam da igreja. Um erro causado por outro erro, do qual nós mesmos somos os maiores culpados.
E que fique claro que não falo do erro (escândalo financeiro, ético, etc.) per se, mas do NOSSO erro pessoal de: idolatrar; desHUMANIZAR; colocar em maior conta; os nossos amados líderes, esperando deles, como disse Caio Fábio, uma projeção de nosso ideal de ética, moral, fé, etc.
A responsabilidade de um pastor é imensa e este peso extra colocado pelas ovelhas é um fardo de injustiça!
Devemos lembrar que, no fim das contas, os nossos discipuladores são pecadores como nós. Estão em posição de nós ajudar e pastorear, mas são homens e falhos e, pior, são cobrados e testados em dobro.
Se isto não é nem de longe uma carta branca para que não se toque no ungido, coisa que poucos ainda acreditam, também não nos autoriza a dobrar a carga já pesada destes servos.
Um servo de Deus, que leva á sério o seu ministério e se faz presente na vida de suas ovelhas e de suas lutas e não se rende a estes modismos que fazem encher as igrejas está abraçando uma tarefa imensa, que somente a Graça e a eleição do Senhor podem justificar (e tornar possível).

Há muito amor chegando aos líderes, mas há muita fofoca também. Muita maledicência, mesquinharia e, posso dizer, pois não sou pastor: Muitos líderes são sugados (sinto dizer isto, mas tem ovelha que é vampiro mesmo) até o tutano.
Neste processo, cansei de ver servos verdadeiros enfrentando problemas com seus filhos, esposas, parentes, reflexo da extrema cobrança, fofoca, inveja (sabe lá Deus do que, mas tem!) e disputas políticas.
Eu vi famílias desfeitas, filhos que se tornaram ateus e toda a sorte de problemas e, confesso a vocês de todo o coração: Nunca conheci pessoalmente um caso onde o pastor pudesse ser responsabilizado inteiramente por isto, a menos que lhe fosse cobrada coerência a esta capa de super-homem que suas ovelhas lhes imputaram.
Ainda não conheci um único líder que tenha se dado tal envergadura de super-herói, que na verdade não fosse um farsante destes que batemos tanto por aqui. Entrementes, conheci muitos que receberam esta capa de super-homem (ou mulher maravilha), sem pedir e sem desejar, mas a receberam de gente que nunca conseguiu SER e VIVER CRISTIANISMO na essência (no Pai e no Outro) e se projetam no HOMEM, que ainda se muito virtuoso é HOMEM e só.
Não é fácil se livrar desta armadilha. O servo (a) deve, a todo momento, se policiar. Se deixa correr solto, o “manto do sagrado” vira esconderijo até mesmo para a sua família.
Um amigo pastor me disse: Danilo, eu só vivo bem e seguro em minha casa e com minha família, porque o Senhor nos sustenta e porque dou conta da minha vida a algumas pessoas que me servem de conselheiros em Cristo. Sem isto, caímos todos.
Pastores levam muito “trabalho para casa” e quando o fazem, levam também o “pastor” e o “espiritual” e deixam o “homem”, o “pai” e o “marido” na porta. Eu já ouvi algumas vezes declarações deste tipo: “quantas vezes me vi sendo pastor de minha mulher, presbítero de meus filhos, quando tudo o que eles queriam era o homem e o pai deles.”
Meus irmãos: Ser pastor não é fácil não. Eu não sou pastor, mas sou amigo de uma dezena ou mais. O que eu vejo é exercício constante de humildade no vigiar das atitudes e escolhas. É muito fácil ser dominado pelo orgulho e a soberba destrutiva após um belo sermão. É muito fácil se sentir acima da crítica e das tentações.
A Igreja brasileira enfrenta muitos problemas, mas é impossível viver sem Igreja. A congregação deve assumir a sua parcela de responsabilidade. Devemos ser bereianos e vigilantes, como fazemos por aqui (blogosfera), mas também devemos assumir a nossa parcela de responsabilidade na vida de nosso líderes.
Devemos orar pelos nossos pastores, motivá-los, ajudá-los, nos fazer presentes no bom e no ruim. Propondo servir, ao invés de sempre querer ser servido. E aos mais velhos da igreja, que assumam o seu papel de apoiar e ouvir o pastor em suas angústias. O pastor é gente também!
Vamos olhar para CRISTO e para a CRUZ, sempre. E diante dos erros, que todos nós cometemos, devemos ter apenas a Cruz no foco, lembrando que aquele a quem o Senhor confiou a tarefa de nós pastorear é HOMEM.
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