Os Perigos de uma Ortodoxia Engessante
Por outro lado, as teologias que engessam qualquer manifestação do Espírito Santo caracterizam a outra face da dicotomia. O Espírito Santo parece perder o seu direito de falar para a Igreja hoje. A.W.Tozer já demonstrava uma grande preocupação com essa maneira de enxergar os dons espirituais. Em seu livro O caminho do poder espiritual, ele diz: “Por toda uma geração, certos mestres evangélicos nos têm dito que os dons do Espírito cessaram por ocasião da morte dos apóstolos ou quando se completou o Novo Testamento. Certamente esta doutrina não tem a seu favor sequer uma sílaba de autoridade bíblica. Os que defendem tal idéia devem assumir inteira responsabilidade por essa aberrativa manipulação da Palavra de Deus.”
Será que na nossa teologia pentecostal de hoje não há mais espaço para as manifestações carismáticas do Espirito Santo? Como obreiro pentecostal, tenho me preocupado com a forte reação negativa aos dons espirituais demonstrada por alguns setores dentro do pentecostalismo. A desculpa de que os fenômenos espirituais no pentecostalismo são pura meninice ou excesso parece muito simplista e não toca no cerne da questão. O teólogo Martin Lloyd Jones já dizia, ao se referir a um avivamento: “E assim temos esta curiosa, estranha mistura, de grande convicção de pecado e grande alegria, um grande senso de temor do Senhor, ações de graças e louvor. Sempre, num avivamento, há o que alguém definiu como uma divina desordem (...) Há ocasiões em que as pessoas estão tão convictas e sentem o poder do Espírito de tal forma que desmaiam e caem no chão, e têm até convulsões, convulsões físicas. E às vezes as pessoas parecem cair num estado de inconsciência, numa espécie de transe, e podem permanecer assim por horas”.
Será que na nossa teologia pentecostal de hoje não há mais espaço para as manifestações carismáticas do Espirito Santo? Como obreiro pentecostal, tenho me preocupado com a forte reação negativa aos dons espirituais demonstrada por alguns setores dentro do pentecostalismo. A desculpa de que os fenômenos espirituais no pentecostalismo são pura meninice ou excesso parece muito simplista e não toca no cerne da questão. O teólogo Martin Lloyd Jones já dizia, ao se referir a um avivamento: “E assim temos esta curiosa, estranha mistura, de grande convicção de pecado e grande alegria, um grande senso de temor do Senhor, ações de graças e louvor. Sempre, num avivamento, há o que alguém definiu como uma divina desordem (...) Há ocasiões em que as pessoas estão tão convictas e sentem o poder do Espírito de tal forma que desmaiam e caem no chão, e têm até convulsões, convulsões físicas. E às vezes as pessoas parecem cair num estado de inconsciência, numa espécie de transe, e podem permanecer assim por horas”.
As manifestações “estranhas”, “meninices” que ocorrem durante a manifestação dos fenômenos espirituais em avivamentos não devem constituir motivo para que não os desejemos. As manifestações periféricas existem e devem ser devidamente tratadas, mas a essência do avivamento é outra. Quem já conviveu e presenciou o exercício dos dons espirituais sabe exatamente o que significa o que o apóstolo Paulo quis dizer: “Assim vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja”, 1Co 14.12. Os dons espirituais edificam e tornam o avivamento proveitoso.
Mapeando os Fenômenos de um Avivamento
Cair no Espírito
Tanto Deer como White têm dado forte ênfase aos dons espirituais. Infelizmente, é justamente na manifestação exterior dos fenômenos espirituais que a batalha tem se concentrado.
John Wesley enfrentou forte oposição de outros líderes cristãos justamente porque durante a sua pregação algo incomum acontecia. No seu diário há vários casos relatados. Wesley registrou nele algo que ocorreu durante a sua pregação do dia 25 de abril de 1739: “Imediatamente um, depois outro e outro caíram no chão; eles caíam em toda parte, como atingidos por um raio”. Em outra parte do seu diário, o pai do metodismo registra: “Um, depois outro e mais outro foram lançados ao chão, tremendo excessivamente na presença do Seu poder. Outros gritaram, em voz alta e amargurada: O que devemos fazer para ser salvos?’”.
O cair sob o poder de Deus ao qual Wesley se refere é conhecido hoje na teologia pentecostal como “cair no Espírito”. A obra The New International Dictionary of Pentecosta and Charismatic Movements observa que essa é “uma expressão moderna para denotar o fenômeno religioso de uma queda individual, sendo que a causa é atribuída ao Espírito Santo. O fenômeno é conhecido entre os pentecostais modernos e na renovação carismática sob vários nomes, incluindo ‘caindo sob o poder’, ‘dominado pelo Espírito’, e ‘descanso no Espírito’’. William W. Menzies acrescenta: “Nessas reuniões ardentes (dos pentecostais), não era raro uma pessoa – ou muitas – cair numa espécie de transe, às vezes agitando-se violentamente. ‘Cair no Espírito’ era também um fenômeno muito difundido”.
Alguns autores querem diferenciar o “cair sob o poder” no avivamento wesleyano do “cair no Espírito” do pentecostalismo clássico ou moderno, afirmando que em Wesley isso ocorria como conseqüência de uma convicção de pecado, enquanto essa prática no pentecostalismo não apresenta essa mesma evidência.
Sem desmerecer essa tese, ela parece muito subjetiva e carece de fundamentação mais sólida. Não há elementos que nos garantam afirmar que alguns fenômenos de “cair no Espírito” hoje não ocorram como conseqüência das mesmas convicções que experimentaram os seguidores de Wesley. Contudo duas observações sobre a ocorrência desse fenômeno parecem ser oportunas agora, e isto se deve ao fato da grande confusão criada em torno desse assunto.
A primeira é que existe um fenômeno de “cair no Espírito” como manifestação de uma autêntica experiência espiritual bem documentada na história do pentecostalismo clássico; a outra é que existe a manipulação grosseira dessa mesma experiência.
Ao se referir aos abusos causados por essa prática, Paulo Romeiro relembra que as Escrituras não oferecem qualquer apoio a esse fenômeno como algo a ser esperado ou buscado na vida cristã normal. Em seguida, Romeiro cita o Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático em sua antiga edição, que corrobora o seu pensamento: “A evidência para o fenômeno de ‘cair no Espírito’ é, portanto, inconclusiva. Do ponto de vista experimental, é inquestionável que, através dos séculos, os cristãos têm experimentado um fenômeno psicológico no qual as pessoas caem; além disso, elas têm atribuído o fenômeno a Deus. É igualmente inquestionável que não exista qualquer evidência bíblica para a experiência como algo normal na vida cristã.”
Rir no Espírito
Apenas relembrando o que disse Gunnar Vingren em seu diário de 1913: “Na oração, o Espírito Santo se manifestou poderosamente. Alguns riam debaixo do poder”. Outra vez é oportuno enfatizar que tal fenômeno de “rir” não se limita ao movimento pentecostal. Jonathan Edwards registra que “sua regozijante surpresa fez com que seus corações estivessem a ponto de dar um salto, de forma que se condicionaram a dar vazão a risadas, lágrimas muitas vezes ao mesmo tempo fluindo numa enxurrada, e em meio a um choro audível”.
Deve ser dito, no entanto, e com tristeza, que essa prática tem ido a extremos. As bizarrices do “rir no Espírito” veiculadas pela mídia chega a causar náuseas. Ainda possuo comigo uma fita de vídeo que recebi dos Estados Unidos. O conteúdo da fita é de um Seminário de Inverno ocorrido na tarde de terça-feira do dia 23 de fevereiro de 1995. A fita fora intitulada When the Spirit Gets to Movin” (Quando o Espírito de Deus se Move). Isso aconteceu no auge daquilo que os apologistas chamam de a “unção do riso”. Após um estudo bíblico, o preletor começa a ministrar a cada pessoa individualmente. Ele encoraja as pessoas a se alegrarem no Senhor. A princípio as coisas acontecem dentro de certa normalidade, mas por fim ficam fora de controle. Há pessoas rindo como numa histeria coletiva por todo o auditório. Outros se contorcem em movimentos bruscos, enquanto outros riem até cair. O excesso e abuso das coisas espirituais ficam em evidência.
John White reconhece que essa experiência pode ser imitada, mas argumenta que esse não deve ser o motivo para negarmos a genuinidade da verdadeira. Ao falar do “rir no Espírito”, diz: “Em alguns círculos traz prestígio. Cair no riso do Espírito ou fazê-lo acontecer em outras pessoas pode tornar- se um marco de uma conquista espiritual. Nessas circunstâncias pode-se sentir uma certa pressão. As risadas ficam forçadas e desagradáveis. Mas não podemos desprezar as verdadeiras por temermos as falsas”.
Como citei Edwards anteriormente: “Embora haja falsas emoções na religião, e às vezes exaltadas, contudo sem dúvida há também verdadeiras, santas e boas emoções; e quanto mais estas são exaltadas, tanto melhor. E quando são exaltadas a uma altura extremamente elevada, não devem ser objeto de suspeita por causa do seu grau, mas, pelo contrário, devem ser estimadas”.
Evitando os Abusos
Seguem algumas diretrizes que julgo serem úteis para um obreiro buscar e se conduzir frente ao avivamento:
1) Cuidado para que o centro do avivamento esteja em Cristo e não numa manifestação espiritual exterior;
2) Tenha sempre como fundamento a Palavra de Deus. Tenho observado que muitos pregadores quando ministram numa reunião de avivamento abandonam a Palavra de Deus (ou usam como pretexto nos seus sermões), para se concentrarem nos dons espirituais.
3) Cuidados devem ser tomados com os pregadores que em nome de um suposto avivamento atuam como artista de púlpito, apenas animando o auditório e valendo-se de técnicas psicológicas para provocarem um emocionalismo superficial. Na verdade, esses pregoeiros estão buscando a auto-glorificação.
4) Cuidado com os avivamentos induzidos. Os estudiosos dos avivamentos observam que um avivamento acontece em primeiro lugar como resultado da vontade soberana de Deus. Os avivamentos ocorrem também como conseqüência da busca sincera de um coração puro e ardente pela manifestação da glória de Deus. Foi assim com o avivamento de 1904 no país da Gales com Evans Robert e no grande avivamento pentecostal de 1906 nos Estados Unidos da América.
5) Cuidado com os pregadores sensacionalistas. Há relatos de pregadores que durante a ministração da Palavra de Deus param de pregar para atender Jesus no celular! Outros fazem coreografia para impressionar a Igreja.
6) Cuidado com o avivalista que geralmente usa o nome de missionário e profeta, para exibir uma espiritualidade que não possui com objetivo de manipular a igreja e colocá-la sempre contra o seu pastor.
7) Acompanhe de perto as reuniões de oração em busca de avivamento para que, quando este chegar, você possa canalizá-lo na direção certa.
8) Julgue todas as supostas manifestações espirituais pela Palavra de Deus, não importando o quão espetacular pareçam ser.
9) Procure ser sensível ao Espírito Santo, pois, quando em um avivamento acontecer alguma manifestação espiritual, Ele lhe dará convicção se aquilo é Dele ou não.
10) Observe os efeitos do avivamento. Se ele não glorificar a Jesus Cristo, não produzir mudança de vida, não promover a derrubada de ídolos, então não é do Espírito de Deus.
Revista Obreiro, Ano 27, n.29, jan-mar, 2005, p.40-45.
José Gonçalves é ministro é líder da AD em Senhora dos Remédios (PI), conferencista, escritor e professor de Grego, Hebraico e Religiões Comparadas.
FONTE: CPAD
2 comentários:
ótimo texto, de contexto histórico, parabéns
muito interessante.é importante notar que em i reis 8:11- isso aconteceu como prova de avivamento. em atos 2 a biblia diz:"e Pedro pondo-se em pé,com os onze,levantou a sua voz..." eles tinha caido realmente.em atos 4,e em atos 10 na casa de cornélio isso voltou a acontecer e através da mesma pessoa no capitulo 2,isto é,Pedro.
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