Chavões heréticos de pregadores que não tem o que dizer.
2º Parte: Quem tem promessa não morre!
As pessoas ainda insistem no chavão: Quem tem promessa não morre. Músicas tem propagado esse desvio teológico. Trago a tona um texto de meu livro Rascunhos da Alma, onde trabalho essa idéia. Segue o texto:
Quem tem promessa também morre!
“Há tempo de nascer e tempo de morrer” Ec 3:2
É muito freqüente no meio evangélico ouvir: “Quem tem promessa não morre!” Essa idéia virou um axioma, isto é, uma máxima que encerra uma verdade indiscutível. Tolice, pois o cotidiano revela o contrário, e torna essa proposição um chavão de pregador que não estuda as Escrituras!
No dia dez de março de 2009, faleceu o missionário Alair Scheidt Junior. Ele foi fazer um concerto no forro do auditório da MEUC – Missão Evangélica União Cristã em Ijuí, e ao levar uma descarga elétrica, não resistiu. Deixou a querida Andréia e a pequena Bia.
Estudei com o Junior na Faculdade Luterana de Teologia. Lembro-me que fiquei surpreso ao ouvir que ele deixou um bom emprego em Blumenau para se dedicar ao estudo e se preparar o ministério. Era um jovem muito prático e que sempre valorizou o trabalho com jovens, essa era a sua marca! Junior com muito esforço passou por todas as matérias ao longo dos quatro anos do curso e foi fazer o que sabia fazer de melhor, liderar e motivar jovens a servirem a Jesus. Nesse período em SBS, não ficou só na teoria, trabalhou com os jovens locais, foi amigo da galera e sua casa sempre estava cheia, era ponto de encontro para conversar, tomar tererê, jogar Uno, comungar a fé, etc.
Com toda certeza Junior tinha promessas de Deus, digo com toda certeza, porque sua vida dava frutos, e isso é prova de que ele estava ligado em Cristo. Entregou sua vida e sua família a causa do Reino. Mesmo assim, dormiu no Senhor. Existe uma explicação para isso?
Fato é que, diariamente cristãos morrem, sofrem atrocidades, descobrem cânceres, vivem o mal de cada dia. O que alimenta o discurso triunfalista é que Deus quando quer, intervém, como aconteceu na vida do jovem Jaison Batista, que depois de um acidente de carro, tinha 1% de chance de voltar à vida, e se voltasse, tudo indicaria que ficaria com graves seqüelas. Jaison se recuperou milagrosamente, hoje caminha, fala, raciocina e testemunha do que Deus fez, e até o momento em que escrevo essas linhas, nenhuma seqüela foi diagnosticada.
Qual critério Deus usa para agir ou não agir? Será que ele utiliza algum critério? Como explicar que alguns irmãos são recuperados e outros recolhidos? Eu não sei a resposta, alguém sabe? De uma coisa tenho certeza, e escrevi isso no texto acima, Deus é nosso parceiro na construção da história, e com lamenta quando um filho seu é fruto de uma fatalidade.
A nós que ficamos aqui, na sala de espera (?), resta-nos orar pelos enlutados, acolher o órfão e a viúva e simplesmente viver, afinal, a morte é parada certa nessa viagem terrestre. Depois dela, Deus será tudo em todos. Aleluia!
“Assim, atribulações e dúvidas não precisam necessariamente fazer a pessoa abandonar a sua fé, mas podem ser expressas dentro do âmbito da fé”.
Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.” João 11.25
"O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas.
Todos estes receberam bom testemunho por meio da fé; no entanto, nenhum deles recebeu o que havia sido prometido." Hb 11:38,39 GRIFO NOSSO
AUTOR: Rodrigo de Aquino é formado em Teologia pela Faculdade Luterana de Teologia e licenciando em Filosofia. Atua no CEEDUC - Centro Evangélico de Educação e Cultura – Faculdade Refidim, como professor e pesquisador e no SETESC como professor convidado.
FONTE: FORMULADOS
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