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Confissões de um "herege"

Um “herege” sendo queimado pela inquisição Católica
Eu assumo: eu sou um herege!

Não se assuste, nem se escandalize! Vou explicar, e você vai entender (ou não):

Há algum tempo venho recebendo várias mensagens, muitas delas ofensivas, acusando-me de “herege” por publicar textos que refutam certos atos abusivos e anti-bíblicos de alguns líderes. Embora eu preze sempre pela ética em contrapô-los no campo das idéias (teológicas e comportamentais), ainda sim sou taxado de herege por julgar os tais “ungidos de Deus”.

Quer saber? Sim, eu sou um herege mesmo! Concordo plenamente com esta afirmação dos “ungidistas” neopentecostais.

Se heresia significa concordar que o meio evangélico brasileiro passa por uma crise ética e teológica, onde muitos que se dizem “cristãos” possuem atitudes não condizentes ao “título” recebido, pois uma das principais características está exatamente no comportamento (Gl 5:22-23), eu sou um herege.

Se heresia significa não aceitar as distorções bíblicas feitas pelos falsos profetas, que se julgam ungidos de Deus, intocáveis e inerrantes, que fraudulentamente afirmam receber extra-revelações de Deus além da Bíblia (1Co 4:6, Gl 1:8-9, Hb 4:12, Hb 11:1-2, Ap 22:18-19), que através de seus “umbigos ungidos” manipulam e aterrorizam seus membros eclesiais, conduzindo-os a irracionalmente crer em suas respectivas falsas profetadas, eu sou um herege.

Se heresia significa discordar com o atual ensino bíblico de algumas igrejas, superficiais em sua essência, onde se já não bastasse a fragmentação e a distorção de textos sagrados que são utilizados para “torcer” o verdadeiro significado das passagens, também pelo fato de colocarem as experiências místicas como bússola para interpretar a Bíblia, e ainda temos que engolir os “enlatados importados” que chegam anualmente no Brasil (G12, teologia da prosperidade, restauração apostólica, unção dos quatro seres, unção do riso, unção financeira e várias outras unções que nunca acabam, quebra de maldições hereditárias, igreja emergente, teísmo aberto, liberalismo teológico etc.), eu sou um herege.

Se heresia é concordar que os pregadores ditos “milagreiros” são falsos profetas, pois “materializam” a fé com lenços ungidos, toalhinhas com suor mágico, rosas ungidas, água fluidificada, réplica da arca da aliança, sabonetes de arruda do descarrego etc; utilizando a “boa fé” das pessoas para arrancar até ó último tostão e ensinando um falso evangelho místico baseado em fetiches (Rm 1:17 e 10:17, 2Co 5:6-7, Hb 11:1), eu sou um herege.

Se heresia é discordar dos autodenominados apóstolos, que pregam um triunfalismo exclusivista e defendem uma vida em abundância “financeira”, constroem mega-templos luxuosos, compram jatinhos particulares para viajar pelo mundo com a desculpa de “pregar o evangelho” e dirigem carros blindados caríssimos com relógios de ouro no pulso, enquanto muitos pobres da própria igreja necessitam de auxílio urgente (At 2.44-45, At 4:32-35, 1Jo 3.16-17); que aterrorizam os fieis com a teologia malaquiana da barganha - se não devolver o dízimo estará roubando à Deus, líderes estes que na verdade “avançam” somente nas finanças pessoais particulares às custas dos dízimos e ofertas dos fiéis (2 Co 2:17, 1Tm 6:5), ah... eu sou um herege convicto!

Se heresia significa defender que a igreja não deve dar espaço aos liberais relativistas da Bíblia, nem para os “evangélicos progressistas”, que com suas ideologias marxistas querem transformar a Igreja em uma teocracia socialista, que espalham conceitos contrários as verdades bíblicas e ainda articulam acordos políticos com partidos que defendem o aborto, homossexualismo, a destruição da família etc., sou um herege declarado!

Se as minhas posições expostas acima significar ser tachado de “herege”, então assumo que sou um! Afinal, Paulo, Pedro, Tiago, João e todos os demais apóstolos foram considerados hereges por pregar o evangelho genuíno e defende-lo de falsas doutrinas. Lutero foi considerado herege por levantar as 95 teses contra o Catolicismo Romano. Calvino, Zwínglio, Spurgeon e tantos outros grandes pregadores foram hereges em seus tempos por defender o evangelho e ir contra as seitas e heresias. Porque eu não seria também um “herege”?

Inquietações irônicas à parte, claro que eu não sou nenhum herege. O fato é que, da mesma forma que ocorreu nas épocas da igreja primitiva e da reforma, muita gente hoje utiliza o termo “herege” de forma desonestamente pejorativa, direcionando-o para todos aqueles que se opõem aos seus respectivos líderes. A palavra heresia, deriva do termo grego háiresis, que significa “partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escolha”. No contexto cristão, a palavra é empregada para doutrinas anti-bíblicas defendidas por alguém ou grupo sectário que distorce o texto sagrado, inserindo inverdades que são contrárias a Bíblia. O apologista cristão Josh McDoweell define heresia como “uma perversão, uma distorção do Cristianismo bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”.

Deus nos deu a responsabilidade de combater as seitas, heresias, os abusos e as distorções Bíblicas que comprometem a sã doutrina. Ninguém, absolutamente, está imune a correção, pois as verdades bíblicas sempre vão prevalecer. Não se engane leitor, ao contrário do que muitos dizem, é seu dever ser um verdadeiro apologista cristão. Com isso, você não estará sendo um “herege”, mas sim um cristão autêntico (2Tm 4:2-4).

Charles H. Spurgeon afirmou com precisão que " Nada deveria ser o alvo do pregador a não ser a glória de Deus através da pregação do evangelho da salvação". Ou seja, a pregação deve ser fundamentalmente Cristocêntrica (1Co 3:11). Caso contrário, tem algo errado! Portanto, desconfie de pregações antropocêntricas que substituam doutrinas bíblicas fundamentais sobre depravação total, eleição, graça, redenção, salvação, justificação, regeneração, arrependimento, conversão, santificação, dentre outras por: decretar, determinar, declarar, reivindicar, apossar-se, extravagar etc. Afinal, a Bíblia nos alerta: “Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.” (II Pedro 2:1)

Soli Deo Gloria!

Ruy Marinho

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