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A “mocidade” assembleiana em crise!

Este artigo é fruto de inúmeras conversas informais que tive com jovens e líderes de jovens nos últimos dias. A denominação Assembleia de Deus vive uma crise com a sua juventude. É provável que outras igrejas estejam passando por algo parecido, mas não posso falar por falta de vivência nas demais denominações cristãs.

Faço parte dessa juventude. Hoje tenho 22 anos, mas entrei na “mocidade” da igreja com a idade de 13 anos. Nesses 11 anos de vivência entre jovens percebo uma crise que se aprofundou com o passar do tempo. Os bancos de “mocidade” estão cada vez mais vazios e os jovens cada vez menos ativos e desinteressados. Quero apontar, neste artigo, alguns fatores que acredito colaborarem com essa crise.

Mensagem descontextualizada

Na minha opinião a mensagem descontextualizada é o nosso principal problema. Vejamos alguns exemplos:

a) Os jovens trabalham como estagiários e trainees em empresas multinacionais com novas visões de liderança. Hoje, em inúmeras empresas, os estagiários sentam do lado dos gerentes. Não há mais divisórias que separam os novatos dos veteranos. E quando esses jovens chegam na igreja? Se deparam com uma hierarquia rígida, fria e distante. Os pastores são ausentes e conversam com os jovens somente em “reuniões” para “tratar sobre problemas”. Os chamados “cultos de mocidade” não contam com a colaboração dos obreiros.

b) As empresas (chefes), as famílias (pais) e as escolas (professores) estão cada vez mais próximos e preocupados com o diálogo com os jovens. As revistas voltadas para esses líderes sempre apontam os desafios da Geração Y, ou seja, aqueles que nasceram na década de 1980 e 1990. Há uma preocupação com um ambiente menos sisudo, mais dinâmico e responsálvel. Já nas igrejas (pastores) ainda reina o formalismo extremo e a liturgismo (inflexível) de cemitério (mesmo em igrejas pentecostais). Diálogo zero! Empatia zero!

c) Os jovens se deparam com desafios enormes diante dos valores pós-modernos. A maioria dos jovens estão, graças a Deus, na universidade, mas são totalmente despreparados para lidar com princípios cristãos no mar do relativismo, do multiculturalismo e do hedonismo reinante nas universidades. Enquanto isso, muitos pastores estão preocupados com os jovens que usam calças, shorts, maquiagens, adornos etc. É impressionante que, diante de desafios tremendos na sociedade contemporânea, o debate nas Assembleias de Deus ainda esteja em volta dos “usos e costumes”.

d) Ensino praticamente zero. Como os jovens vão preparados para a vida se não sabem nem o A B C D do Evangelho? Com tanta mensagem superficial nos púlpitos não é novidade que a juventude também seja vazia. Púlpito ruim, igreja doente. Igreja doente, juventude doente. Lamentável dizer, mais ensino bíblico (de verdade) é objeto raro nas Assembleias de Deus. Sim, temos valorosos ensinadores, mas são uma minoria em uma denominação que se gaba ufanisticamente de ser a maior igreja pentecostal do mundo.

e) Enquanto parte considerável da denominação aposta nos “usos e costumes” tradicionais como processo de santificação, logo a carnalidade somente aumenta. A santificação também é um processo que depende da Graça de Deus, não é um processo meritório. Quem aposta a santificação na tradição está fadado ao fracasso e certamente abraçando o pecado. Muito se prega sobre santificação, mas justamente no foco legalista e ineficaz, já que se despreza o trabalho do Espírito Santo (cf. Rm 8). Esse povo nunca leu Gálatas?

f) Exortações e mais exortações com focos exagerados. É quase trágico quando um “pregador adulto” vai aconselhar os jovens sobre a internet. Sempre o foco é o problema. É claro que se usa a internet de maneira errada, mas e o potencial evangelístico e a transmissão dos valores cristãos pela grande rede? Nunca ouvi uma única mensagem que falasse de tecnologia e apontasse o seu potencial. Os jovens sempre recebem o mandamento negativo (não faça) e quase nunca o mandamento positivo (faça isso).

e) Existe maior exemplo de descontextualização nas Assembleias de Deus do que chamar adolescentes e jovens de “mocidade”?

Gutierres Siqueira
PS: Nesse primeiro artigo apontei somente os problemas. No próximo escreverei as minhas sugestões para resolver algumas dessas questões.

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