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Nem tudo que dá certo é certo


Volta e meia eu sou abordado por algumas pessoas que afirmam que o fato das coisas estarem "dando certo" em determinadas igrejas aponta para a aprovação de Deus em seus Ministérios. Geralmente elas dizem, veja só quantas pessoas estão frequentando os cultos, são milhares de incrédulos que diariamente se dirigem as reuniões "evangelísticas!" Que maravilha! Que se dane os métodos, o que importa é que a igreja está cheia.

Caro leitor, por favor pare e pense? O fato das coisas aparentemente darem certas não significa dizer que estejam certas. Medir a eficácia de uma igreja pelo número de pessoas que a frequenta é no mínimo perigoso, mesmo porque, a aglomeração do ponto de vista bíblico não aponta necessariamente para a aprovação de Deus. Na verdade, as vezes tenho a impressão que um dos nossos principais problemas é ter gente demais! Lamentavelmente os cultos evangélicos estão cada mais cheios de pessoas desejosas em receber as bênçãos de Deus e cada vez mais vazios de pessoas dispostas a se tornarem discipulos de Cristo.

Em 19 de junho de 1969, em sermão pregado no Madison Square Garden, em Nova York, o famoso pastor norte-americano Billy Grahan declarou: “O que precisamos nos Estados unidos é nos desfazermos de muita gente que temos na igreja. Creio que poderíamos fazer muito melhor trabalho se fôssemos discípulos dedicados e disciplinados como havia na igreja primitiva. É preciso ter disciplina para levantar uma hora mais cedo para estudar a bíblia. É preciso ter disciplina para desligar a televisão à noite uma hora mais cedo para gastá-la em oração. Julgo ser uma boa coisa o fato de os cristãos se tornarem minoria. Foi assim que a Igreja primitiva virou o mundo de cabeça para baixo. Creio que temos sido numerosos demais. Temos nos estorvado uns aos outros e não temos tido disciplina e dedicação. O que precisamos é de uma minoria dedicada para transformar este país e o mundo.”

Ao fazer esta declaração Billy Grahan o faz num contexto onde a maioria da população norte-americana considerava-se protestante. Isto porque, nos cultos dominicais os templos estavam cheios e repletos de pessoas, as quais religiosamente “prestavam seu culto a Deus.” Hoje no Brasil, a maioria não é evangélica, no entanto, percebe-se a olhos vistos que o número daqueles que se consideram evangélicos é a cada dia mais elevado. Entretanto, sou obrigado a confessar que boa parte destes que freqüentam os nossos cultos não tiveram uma genuína experiência de conversão. Na verdade, tais pessoas, movidas por um misticismo exacerbado, além de uma fé fundamentada no hedonismo, procuram em Deus as bênçãos que tanto necessitam.

Em alguns lugares deste imenso país ser crente virou moda. Isto porque, artistas, modelos e jogadores de futebol, além de socialites e emergentes, descobriram na fé cristã um tipo de amuleto pelo qual podem ser protegidos da inveja e do mal.

Infelizmente, disciplina, oração e santidade não fazem parte da práxis de vida de muitos, aliás, para estes, Deus não passa de um galardoador, ou interventor, o qual mediante as orações determinantes submete-se a vontade de seus filhos atendendo todos os seus “decretos” instantaneamente.

Isto posto, pergunto: Será que no Brasil não estamos com “crentes demais”? Será que os escândalos que tem tomado por assalto os nossos jornais, continuariam a acontecer se tivéssemos em nossos templos menos pessoas e mais gente compromissada com o reino? Acredito que o “evangelho” que temos pregado tem contribuído para a inchação de nossas congregações, levando-nos a impressão de que este evangelho fashion é que faz a diferença no mundo em que vivemos.

Caro leitor, a igreja brasileira necessita voltar a Palavra, redescobrir o quarto de oração, viver de forma santa, não negociando JAMAIS os valores do reino.

Pense nisso!

Renato Vargens

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