Você é contra o aborto? Usa o argumento de que a vida começa a partir da fusão nuclear de óvulo e espermatozoide? Então, não pode ser a favor da fertilização in vitro (FIV), no molde como é praticada, na maioria das vezes, em um número crescente de clínicas de fertilidade. Com raras exceções, a FIV se baseia na superovulação materna e resulta na formação de um número maior de embriões do que o que pode ser implantado no útero materno.
O que é feito dos embriões excedentes? São congelados para uso futuro, caso a primeira tentativa de implantação não tenha sucesso (o que, infelizmente, é muito comum). Já não é, digamos, muito cômoda a ideia de congelar os próprios filhos, não é? Mas o que fazer com filhos congelados que já não são mais destinados à gestação pelo casal responsável? Destruí-los? Entregá-los à pesquisa com células-tronco? Incinerá-los? A opção mais amena ainda seria ofertá-los a um casal infértil que não pode ter seus próprios embriões. (Nesse caso, é como entregá-los para adoção, e a possibilidade de encontrar um filho com metade da sua constituição genética chamando outras pessoas como pais não é tão remota assim).
O que fazer, então? O conselho que dou a todos os casais amigos que já se depararam com essa alternativa é: não o faça. Confie em Deus! Deixe-o trabalhar. A FIV gera expectativas imensas no casal, especialmente na mulher, e a frustração que se segue a um tratamento infrutífero é gigante e, muitas vezes, pesada demais. Durante o período em que trabalhava em meu doutorado, conheci uma doutoranda que se tornou uma das minhas melhores amigas na Alemanha. Eu a conheci em meio a um momento angustiante, em que ela e o marido haviam decidido optar pela FIV depois de uma gravidez ectópica que resultou na perda de uma das trompas. Embora a outra trompa estivesse íntegra e, portanto, uma gravidez continuasse viável, o médico recomendou a FIV. Pensei comigo: “não faça isso!”, mas o seu tratamento já estava em pleno andamento. Orei e o Senhor me respondeu: “Ela engravidará, mas não será por mãos de homens”.
Acompanhei todo o processo: os efeitos colaterais pela superdosagem hormonal, a alegre sensação de gravidez, seguida pela profunda frustração de uma nidação embrionária malsucedida. Choramos juntas. Contei a ela o que o Senhor havia-me dito e ela o recebeu dizendo: “A minha mãe diz a mesma coisa que você!” Entregamos o sonho de um filho aos pés do Senhor e poucos meses depois, ela estava grávida!
Ainda outro casal muito amigo nosso, que perdeu uma trompa por razão semelhante à anterior e apresentava a outra trompa definitivamente entupida, engravidou semanas depois de a médica recomendar-lhes a FIV.
Entregue a sua situação ao Senhor! Para Ele não há impossíveis. Poderia contar ainda casos e mais casos de tremenda graça e milagres nessa área, e todos, sem exceção, são os resultados da entrega incondicional do “sonho de um filho próprio”.
No entanto, também há casais que sinceramente oraram e ainda aguardam o cumprimento da sua promessa. Deus é o Autor da Vida. Ele a dá e Ele a tira, e tudo faz conforme a sua perfeita vontade. Se optar pela FIV, ao menos não gere embriões pelos quais não pode se responsabilizar. Conheço a história de um casal que precisou retirar uma biópsia do testículo contendo uma só espermatogônia (célula capaz de gerar espermatozoides). O casal não quis ter embriões excedentes. O risco de ter de se submeter à outra biópsia era grande, mas ambos resolveram confiar no Médico dos Médicos, e o embrião resultante da FIV foi implantado com sucesso logo na primeira tentativa!
Finalmente, é importante lembrar: a FIV não é coberta pelos seguros saúde. O fluxo financeiro gerado por esse tratamento é imenso e explica o lobby em torno das células tronco embrionárias. Essas células, ao contrário das células retiradas da medula óssea de um adulto, têm um potencial muito maior de multiplicação. Esse potencial é difícil de controlar. Em outras palavras, é cancerígeno, fato, obviamente, pouco divulgado. Porém: sem FIV com embriões excedentes, não haveria células tronco embrionárias para pesquisa, não haveria polêmica.
O grande problema é: (novamente) nos metemos onde não fomos chamados. Como vamos arcar com essa responsabilidade? O que vamos responder diante do grande Trono Branco? Deus nos guarde, como raça humana, de sermos assim irresponsáveis e egoístas! Filhos não trazem felicidade (assim como o casamento não faz ninguém feliz). Jesus Cristo é o único capaz de nos preencher, e, através do Espírito Santo, nos fazer verdadeiramente felizes. Essa felicidade independe das circunstâncias e está fundamentada numa paz que não é como a paz dada por este mundo. Vamos olhar para Jesus e buscar os seus propósitos, ao invés dos nossos, e “todo o resto nos será acrescentado”! Ele é fiel e justo para nos perdoar e fazer tudo novo! Ele, o Autor da Vida, cria e transforma, e faz da nossa vida uma fonte de água viva. A Ele toda a glória!
Angelica Boldt Mãe
de três filhos (leia-se “milagres” — o pai é considerado infértil e foi
advertido, ainda antes de se casar, que jamais teria filhos por meios
“naturais”). Doutora em Genética Humana pela Universidade de Tübingen,
Alemanha. Atualmente realizando o pós-doutorado em Imunopatologia
Molecular no Departamento de Patologia Médica do Hospital de Clínicas,
UFPR, Curitiba.
Fonte: www.juliosevero.com
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